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Corações de Natal

Na época natalina em todos os meus anos vividos (que não são poucos) tenho observado a mudança extraordinária no comportamento da grande maioria das pessoas. E pelo que vemos nos registros de imprensa e redes sociais assim é em todo o mundo. As pessoas nos parecem tão iluminadas, amorosas, generosas nessa época. Os “corações” parecem piscar de contentamento, compreensão e até perdão. A atmosfera do mundo parece se transformar para bom. É mesmo um barato curtir essas explosões de emoções.

Diria que: “Abençoados sejam”, se fosse de fato uma transformação; um renascimento como sugere a data festiva.

Entretanto, com apenas um pouquinho de senso de observação que seja, podemos sentir a falta de autenticidade, de verdade nessas reações e emoções. Comprova-se isso logo a seguir quando chega a primeira segunda feira do novo ano: as “vestimentas provisórias” desaparecem; o personagem então vivido termina o seu “papel”, muitas das vezes não só com ressaca de bebidas, mas também com cheiro de abraços que nem gostaria de ter dado de fato.

Ainda durante os festejos posso até perceber, com muita clareza e sentimento de tristeza, que aqueles “corações iluminados” mais se assemelham com os corações pisca-pisca comprados no camelô; no mesmo fornecedor onde compraram as outras “decorações de natal”. E o que é pior; muito pior: logo após as festas tudo é desmontado, recolhido e guardado numa caixa para ser usado de novo no ano que vem. Incluindo os citados sentimentos e emoções circunstanciais.

Isto não é Natal. Mais se parece com festejos de Momo, onde quase tudo é criação, representação, ficção, fantasia. Neste momento, sim, poderiam até reabrir as caixas das fantasias.

Pode lhes parecer que nessas épocas, eu, em particular, fico com o senso crítico ligado e não dou a menor bola para as mensagens e abraços que me dão nessa ocasião. Mas não é verdade. Colho todos eles com o mais profundo respeito e atenção; da mesma forma como faço, por hábito e convicção, o ano todo. Algumas vezes, sim; quando percebo que as reações se parecem com “alegorias em desfile”, me recolho na “calçada” para não atrapalhar o desfile. O que também é uma forma de respeito e compreensão.

Amar é todo dia. Abençoar, compreender e perdoar é todo dia. Devemos oferecer tudo o que temos da nossa essência original o ano todo. As bananeiras não dão bananas docinhas e suculentas somente no natal. Já pensou se o Sol somente brilhasse em dezembro? E o ar se somente nos oferecesse oxigênio no Natal?

Neste caso em especial bom mesmo é ser um “banana” o ano todo!

Porque aceitar o semeio de ódio e magoa em nosso “solo mental”, e passar, assim, oferecer raivas de rancores para o mundo quase o tempo todo? Quem tem “alma limpa” não se perturba tanto com a “sujeira”. Quem tem “alma cheirosa” não se incomoda tanto com o “mau cheiro”. Quem tem “alma silenciosa” não se estressa com o “barulho” que vem de fora. A “sujeira”, o “mau cheiro” e o “barulho” é sempre interior; é sempre reflexo do estrondo de suas insatisfações e intolerâncias.

A prática natural do Bem por si só funciona como escudo protetor contra qualquer tentativa de assédio do mal. Praticando sempre o Bem o mal permanecerá para sempre no seu lugar de origem: o nada; a inexistência.

Nem tudo deste mundo pode ser oferecido o ano todo. Frutas, legumes ou flores dependem sempre de cada estação. Mas você e eu, assim como Deus, o ar e o sol, não dependemos de estações! Temos a divina prerrogativa de poder oferecer tudo de bom o ano todo. Não somente no Natal.

A pergunta é: O que é que tenho para dar de presente ao mundo?

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